Os Deuses Antigos Retornaram?

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Um livro recente apresenta uma ideia intrigante de que os antigos deuses do mundo pagão voltaram para assombrar nossas sociedades modernas. Será mesmo que as divindades pagãs retornaram? Ou isso seria outra coisa, algo que a maioria das pessoas não entende?

Acabei de voltar de minha terceira viagem à Turquia, antiga Ásia Menor. Lecionar sobre os livros de Atos e Apocalipse a universitários aguça o interesse pelos eventos que ali ocorreram.

Quanto mais visito esse lugar, mais aprendo e mais desejo me aprofundar no assunto para entender o que Deus está querendo dizer à Sua Igreja hoje. Acredito que o livro de Apocalipse contém a chave para a Igreja sobreviver a essa guerra espiritual do mundo demoníaco. A evidência da influência demoníaca na cultura atual é clara e inconfundível. Você não precisa ir além dos escritos de observadores sociais proeminentes para perceber o que está acontecendo.

A ausência da proteção de Deus

A escritora Naomi Wolf debateu recentemente esse tópico, motivada por várias demonstrações abertas de ocultismo pagão. Entre estas estava a recente cerimônia do Grammy Awards nos Estados Unidos, onde o artista Sam Smith apresentou uma peça musical intitulada “Unholy” [profano], com imagens demoníacas banhadas por uma funesta luz vermelha. Em 2022, uma aterrorizante escultura animada de um touro com olhos avermelhados e brilhantes foi reverenciada por dançarinos semivestidos na cerimônia de abertura dos Jogos da Comunidade Britânica em Birmingham, Inglaterra. E no último fim de semana de abril ocorreu em Boston um evento chamado SatanCon 2023, anunciado como “Um fim de semana de blasfêmia” e “a maior reunião satânica da história”.

Em um artigo longo, mas perspicaz, sobre o surgimento e a aceitação do mal disfarçado de progressismo, o Dr. Wolf afirma acertadamente: “. . . que isso — a ausência da proteção de nosso Deus — é a ascendência de um reino egocentrista na Terra, ou seja, de nós mesmos fazendo tudo por conta própria; de tudo a respeito de nós mesmos; de adoração a nós mesmos, prostituindo-nos apenas com obras humanas; libertando-nos de todas as restrições legais, aceitando todas as concupiscências e obedecendo a autoridades não divinas; rejeitando a misericórdia; celebrando o narcisismo; tratando crianças como animais de estimação, tratando a família como um campo de batalha; tratando igrejas e sinagogas como plataformas de marketing — isso é, de fato, algo parecido com o paganismo dos reinos das trevas ou de principados e potestades” (“Have the Ancient Gods Returned?” [Os Deuses Antigos Retornaram? em tradução livre], Instituto Brownstone, 23 de fevereiro de 2023).

Os deuses pagãos voltaram?

Em parte, o artigo do Dr. Wolf foi motivado por um recente livro de Jonathan Cahn, cujas publicações geralmente despertam interesse quando conectam os eventos atuais às profecias da Bíblia. Em seu último livro, The Return of the Gods (O Retorno dos Deuses, em tradução livre), ele apresenta a ideia de que nos últimos anos os deuses antigos como Baal, Moloque e Artemisa, entre outros, regressaram e estão por trás dos males atuais, tornando-se políticas públicas em muitos lugares.

Uma dessas políticas públicas respalda ativistas radicais pró-aborto que querem permissão legal para tirar a vida de um bebê em qualquer fase da gestação ou até mesmo assim que nascer. Outro exemplo vem do estado de Minnesota, Estados Unidos, que propagandeia que ali é um “porto seguro” para jovens que desejam passar pela transição de gênero, independentemente da oposição de um dos pais.

Qualquer lei, que apoie esses atos, vai contra todas as normas de uma sociedade saudável que deseja preservar seus filhos e seu futuro. Contudo, essa é uma tendência crescente. Jonathan Cahn atribui essas mudanças na sociedade à fomentação desses antigos deuses pagãos que “voltaram” a ser populares nessas manifestações malignas.

Penso que esse escritor apresentou argumentos convincentes a ponto de atrair a atenção do Dr. Wolf e outros observadores. Mas, embora convincentes, isso não é tudo. A seguir vou explicar o motivo.

A importância da mensagem de Apocalipse

Visitar os locais das sete igrejas mencionadas em Apocalipse 2 e 3 me levou a examinar mais profundamente a mensagem que Cristo entregou a elas. Os membros da Igreja de Deus que viviam nessas cidades estavam cercados por um mundo inteiramente pagão, onde falsos deuses, como Zeus, Apolo e Ártemis, eram adorados em templos e em todas as áreas da vida pública.

Todavia, para nossas mentes modernas é difícil compreender o quanto estava arraigado na vida das pessoas essa adoração de deuses que “nem sequer são deuses” (Jeremias 2:11, NVI). O trabalho de uma pessoa dependia da lealdade à divindade que fosse o deus de seu ofício. Esperava-se que a pessoa honrasse esse deus participando de banquetes em seu templo e consumindo os alimentos que lhe foram oferecidos em sacrifício. E se não fizesse isso, ela corria o risco de perder seu sustento e posição social. Mas um cristão não poderia fazer tal coisa sem transgredir os mandamentos de Deus.

E duas dessas congregações listadas em Apocalipse 2 e 3 estavam em cidades onde esses deuses tinham um status particularmente elevado. Cristo dirigiu-se aos membros de Pérgamo dizendo que naquela cidade Satanás habitava e tinha seu trono (Apocalipse 2:13).

A cidade de Pérgamo foi construída sobre uma colina elevada com vista para uma grande planície. Vários templos no topo dessa colina podem ser identificados como “trono de Satanás”, mas um em particular se destaca. O Altar de Pérgamo, dedicado a Zeus, era o maior do mundo antigo. Hoje ele se encontra no Museu Pergamon em Berlim. E quando visitei essa estrutura fiquei imaginando Satanás entronizado ali e sendo adorado pelo povo que trazia oferendas a Zeus, o maior de todos os deuses antigos. Provavelmente, saber que moravam “onde Satanás habita” foi chocante para os membros da Igreja de Pérgamo.

Satanás tem um reino. As Escrituras o chamam de “príncipe deste mundo” e “deus deste século” (João 12:31; 14:30; 16:11; 2 Coríntios 4:4). Satanás ofereceu a Jesus todos os reinos do mundo se Ele apenas se curvasse e o adorasse (Mateus 4:8-9).

Outra das sete igrejas de Apocalipse ficava em Éfeso, lar de uma das maravilhas do mundo antigo, o grande templo de Ártemis (também conhecida como Diana). Atualmente no local desse templo há uma pilha de escombros e um pilar reconstruído. Porém, no mundo do primeiro século ele chamava a atenção daquela cidade e de toda a região.

Ártemis era a deusa da natureza e da caça. Os historiadores afirmam que o culto a Ártemis possuía forte elementos do culto a outra deusa asiática mais antiga, Cibele. Os sacerdotes eunucos de Cibele eram chamados de galli, homens que praticavam a autocastração e costumavam se vestir e se comportar como mulher — uma antiga prática transgênero — para participar dos rituais em sua homenagem.

Esse costume continuou existindo no primeiro século. Quando analisamos o ministério do apóstolo Paulo em Éfeso durante um período de três anos, podemos ter uma imagem mais clara do que ele teve que enfrentar e do tipo de cultura que os cristãos tiveram que lidar. Vários aspectos da cultura transgênero de hoje é um reflexo daquele mundo onde o evangelho de Cristo primeiro teve que prevalecer sobre o paganismo inanimado.

Hoje em dia, essa mensagem do livro de Apocalipse nos encoraja a enfrentar um mundo cada vez mais idólatra e absorto na cultura do egocentrismo — e agora com uma dimensão espiritual de adoração absolutamente satânica e ideias e atitudes demoníacas distorcidas que almejam desvirtuar todas as normas de comportamento da vida humana. A estrutura da família está sendo atacada em todos os níveis. O conceito de gênero e a própria natureza da humanidade estão sendo mutiladas deliberadamente por essas políticas públicas.

O que estamos vendo não é o retorno desses antigos deuses pagãos, pois eles sempre estiveram aqui. A novidade é que eles estão emergindo por detrás de uma fachada de religiões falsas, que os trouxeram do mundo antigo para o moderno.

Demônios por trás de ídolos

A Bíblia nos diz claramente que por trás de todo ídolo e falso deus há um demônio querendo ser adorado. Observe as escrituras a seguir. Ao se referir a Israel, Deus disse: “Eles O deixaram com ciúmes por causa dos deuses estrangeiros, e O provocaram com os seus ídolos abomináveis. Sacrificaram a demônios que não são Deus, a deuses que não conheceram, a deuses que surgiram recentemente, a deuses que os seus antepassados não adoraram” (Deuteronômio 32:16-17, NVI; ver também Levítico 17:7; Salmos 106:37).

Paulo escreveu aos coríntios, que viviam em uma cidade cheia de templos e idolatria, descrevendo a adoração fútil dali: “Antes, digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demônios” (1 Coríntios 10:20).

Os ídolos e templos da antiguidade podem ter representado Ártemis, Zeus ou Atena, mas os verdadeiros objetos de adoração eram os demônios do reino espiritual — os poderes das trevas, os governantes invisíveis e influenciadores da civilização e da cultura.

Se quisermos realmente entender o curso da história mundial, precisamos reconhecer que um ser descrito como “príncipe das potestades do ar” (Efésios 2:2) governa e molda o estilo de vida da sociedade humana, que resiste aos caminhos de Deus. Paulo disse aos efésios que antes de serem cristãos eles andavam no caminho de Satanás (Efésios 2:2). E Paulo teve bastante sucesso na luta contra essa cultura satânica. Ao longo de seus três anos em Éfeso, sua pregação e ensinamento resultaram em um forte e sólido crescimento da palavra do Senhor (Atos 19:20).

Mas a história da igreja mostra claramente que esses deuses nunca desapareceram. Na verdade, eles se batizaram! Pois, infiltrados na Igreja primitiva, eles modificaram o ensinamento da verdade. O culto a Deus no sábado foi mudado para o domingo, o dia do deus sol. Os feriados religiosos de origem pagã, como o Domingo de Páscoa e o Natal, substituíram as festas bíblicas reveladas por Deus. Aos poucos, as verdades fundamentais ensinadas por Cristo e pelos apóstolos foram substituídas por “heresias destruidoras” (2 Pedro 2:1, ARA) e “doutrinas de demônios” (1 Timóteo 4:1).

A descrição da igreja que surgiu após o primeiro século em nada se parece com a Igreja originalmente fundada por Jesus Cristo. Ídolos, imagens e santos eram adorados em vez do verdadeiro Deus. O cristianismo da história posterior, juntamente com outros falsos sistemas religiosos, tornou-se um reduto de antigos deuses pagãos. Agora estamos vendo eles emergirem às claras em um mundo que está se esquecendo de Deus.

O esquecimento de Deus

E nas últimas décadas, dentre as nações ocidentais têm havido uma constante diminuição da moralidade, da ética e do caminho de vida baseados na Bíblia. Através dos anos, muitos profetas seculares alertaram que as pessoas estavam se afastando de Deus e também que a Sua Palavra, a Bíblia, estava deixando de fazer parte de seu fundamento.

Entre eles estava Alexander Solzhenitsyn, escritor russo, que, ao falar das angústias de sua própria nação, que definhava num campo de extermínio chamado comunismo, disse: “Os homens se esqueceram de Deus; e por causa disso todas essas coisas aconteceram”. E de fato, isso é o que está acontecendo nos Estados Unidos e no mundo todo. E o resultado disso é a atual explosão de cultos pagãos e satânicos.

E foi pelo fato de as pessoas se esquecerem de Deus que em 1914 um poder bestial surgiu na Europa instigando guerras por todo o continente e levando impérios ao colapso, e logo depois veio outra guerra mundial e o morticínio de milhões de pessoas através do derramamento de sangue, da fome, de pestes e do holocausto.

Posteriormente, por força de lei, um mundo próspero removeu Deus da esfera pública porque as pessoas deixaram de ser gratas a Deus. Quando a legalização do aborto levou ao assassinato de milhões de crianças nascituras e uma geração insensível rejeitou a santidade da vida, foi porque, segundo o primeiro capítulo de Romanos, seus corações insensatos se obscureceram. Quando alteraram o entendimento do casamento natural entre um homem e uma mulher para legalizar o casamento homoafetivo foi porque as pessoas estavam cheias de luxúria e impureza. E quando vilipendiaram e ignoraram o gênero sexual masculino e feminino foi porque trocaram a verdade de Deus pela mentira.

O esquecimento de Deus resultou em uma cultura degradada que Ele descreve como cheia de “de toda iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade... inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes ao pai e à mãe; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia” (Romanos 1:29-31). Essa cultura da morte aguarda o julgamento de Deus.

E chegamos em uma fase nessa progressão do mal em que parece que esses deuses, que sempre estiveram ali escondidos no mundo ocidental por detrás do véu dessas falsas religiões que apregoam doutrinas demoníacas e idólatras, mas alegam virem em nome de Jesus Cristo, agora se revelam. Estamos vendo a influência demoníaca na cultura pop.

Os antigos deuses não “retornaram” — eles sempre estiveram aqui, mas foram mantidos afastados pelo poder e propósito de Deus. E como viramos as costas para Deus, a influência deles se tornou ainda mais audaciosa. Cruzamos um limiar de um novo tempo de experiência. E tudo indica que não há como voltar ao mundo que conhecíamos. Estamos em uma guerra espiritual, e Jesus Cristo está nos chamando para enfrentar essa batalha dos séculos e permanecer firmes com a armadura de Deus!

Saiba mais

O mundo espiritual de Satanás e as influências demoníacas são reais? O que a Bíblia revela sobre isso? O que está por trás dessas tendências malignas que estão chocando o mundo? Você precisa entender o motivo disso! E para saber as respostas, peça ou baixe nosso guia de estudo bíblico gratuito “Existe Realmente Um Diabo?”.

Darris McNeely works at the United Church of God home office in Cincinnati, Ohio. He and his wife, Debbie, have served in the ministry for more than 43 years. They have two sons, who are both married, and four grandchildren. Darris is the Associate Media Producer for the Church. He also is a resident faculty member at the Ambassador Bible Center teaching Acts, Fundamentals of Belief and World News and Prophecy. He enjoys hunting, travel and reading and spending time with his grandchildren.

 

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